Seiva

 Sem um "sim"

Não se sabe

Ninguém. 

Sabe-se nem

Sabe-se também

Não se sabe

Porém

O suor de ser

Seiva de alguém...

By Mjm. 2023

 Breu, frio, junho.

Algo desperto

testa a sorte nos textos,

testa o norte nos vinhos.

Mira rumos

solta ancoras.

Almeja voos

corta asas.

Procura caminhos

fura pneus.

Pensa no amor

veda o coração.

No breu tenta,

no frio escreve,

em junho gela,

na sala, cela

.

By MJM 2015

 As vezes vinho

Outras vinagre,

As vezes pinga

Outras doce cana.

As vezes vício

Outras difícil,

As vezes vil,

Outras viu.

E no balanço das horas

Desequilíbrio. 

Já e agora

algo efêmero

no fim do túnel.

Não dão esperança

nem luz alguma.

Está na hora

de procurar

estrelas 

e não cometas....

By MJM 2021 

 Às vezes eu pergunto porque

Às vezes eu pergunto porque

Mas não sei se quero saber.

Às vezes eu levo a vida

Mas a vida não me leva.

Às vezes como em uma tromba d'água

De um rio de serra eu sou levado.

Molhado me agarro a margem

Me arrasto para fora

E tremo de frio.

Olho a água correndo

E tenho medo.

No segundo seguinte me jogo na água.

A vida não precisa ter sentido,

Precisa ser sentida...

By MJM 2021

 

Era um fogo sem vela

Sem sentido nem oração.

Era um sei não esquisito

Perdido fora da estação.

Num relance, uma pepita

Fina e perfeita,

Feito água da fonte

Veio de um planalto distante.

Trouxe consigo a fé em coisas inexistentes,

Trouxe a força de um trilho sobre os dormentes,

Trouxe a direção, a intenção de dias de estio,

Trouxe o vento, arredando tudo no caminho.

Vento que levantou enormes pedras de certezas.

E o fogo sem vela perdido

Aprendeu a ser dois, coisa que não fazia antes.

Aprendeu a dor das músicas,

O sabor das cores de verão

Concha, peixe, farol.

Aprendeu o aroma do carinho

Soprado em caracóis catados na praia,

Encontrou um cais para perder sua escuridão.

Pepita preciosa

Encontra-se agora imprecisa

Luz inalcançável no azul da dor.

Pepita no precipício

Precipita-se sem ser preciso

No vácuo da pedra.

Pena...

 

By MJM 2021 22/01

 

Falta uma flor no horizonte

Lento local do anoitecer.

Falta um sorriso de safadeza

Nas planícies da cama desfeita.

Sorriso de gozo, de alma,

de carinho brindando o luar.

Sofre o céu sem flor,

Sofre a cama sem atitudes,

Sofre a planície sem as cascatas de um gozo.

Orgasmo múltiplo da emoção sobre a razão.

Súbito surge o não,

Eterno guardião

De vontades imperfeitas.

E o céu da cama se despedaça

Em pedaços de fotos

De rios perdidos na infância do amor

Nas viagens de alegria e de pedras preciosas ou não.

Sabe-se lá se o amanhecer terá companhia

De um sorriso estranho que se infiltrou no azul.

Sabe-se lá se a beleza perfumada perdurará.

Sabe-se apenas que a esperança

Segue fugindo sob a grama não cortada,

Mas pode ser alcançada.

By MJM 2021